Passadiços do Paiva

Já muito se disse, argumentou, escreveu, fotografou, publicou, sobre os Passadiços do Paiva, os primeiros de grandes dimensões que surgiram no nosso país.

Na verdade, este tipo de infraestruturas, junto ao mar ou no interior, são agora uma moda, proliferam por todo o país, sobretudo em locais onde as paisagens são muito atrativas, sofrem de um grande afluxo turístico e levantam muitas questões. São sem dúvida uma das melhores formas de passear na natureza e se usados de forma civilizada, uma grande mais valia, mas há que desenvolver muitos esforços e fazer cumprir todas as regras para que acima de tudo esteja a preservação dos ecossistemas.

Serpenteando ao longo da garganta do rio Paiva, os Passadiços do Paiva, famosos nacional e internacionalmente, acumulam uma série considerável de prémios mais do que merecidos. Ainda que sejam um local agregador de turismo de massas, especialmente depois da abertura da famosa ponte pedonal suspensa, é impossível ficarmos indiferentes à sua beleza singular e arrebatadora.

Se a obra humana é admirável, e é, tendo já sofrido vários revezes continua bem preservada e parece haver planos para a aumentar, a riqueza da paisagem natural é ainda mais impressionante. Não é pois de estranhar que cerca de dez anos depois da sua abertura continuem a ser tão procurados. São realmente espetaculares.

Os Passadiços do Paiva são uma série de passadiços pedonais de madeira do rio Paiva, em Arouca. Têm um comprimento de cerca de 8,7 quilómetros, são quase todos em madeira, há exceção de pequenos troços em terra e parece estar prevista a construção de mais 12 quilómetros.

Localizam-se na margem esquerda do Rio Paiva, na bacia hidrográfica do rio Douro, no concelho de Arouca, distrito de Aveiro. Proporcionam paisagens quase “intocadas”, de uma beleza ímpar, num autêntico santuário natural, junto a descidas de águas bravas, cristais de quartzo e espécies em extinção na Europa.

Foram inaugurados em 20 de junho de 2015. Nos primeiros 2 meses e meio receberam mais de 200 mil pessoas.


Em setembro de 2015, um incêndio florestal na freguesia de Canelas e Espiunca afetou cerca de 600 metros de passadiço, o que levou ao encerramento provisório do mesmo.
Os Passadiços do Paiva reabriram em 15 de fevereiro de 2016 com nova escadaria e condições melhoradas. A entrada passou a ser limitada e paga, mas há um troço com cerca de um quilómetro de livre acesso.

Até ao alto da garganta do Paiva, nasceu nova escadaria, com 150 a 200 metros de altura que eliminou um ponto fraco dos Passadiços do Paiva que era o caminho em terra por um eucaliptal de um quilómetro. A ligação foi encurtada para cerca de 250 metros e volta-se para o rio.

O meio do percurso ganhou casas de banho (pré-fabricadas), na praia fluvial do Vau. A de Espiunca, no início, passou a ter zona de estacionamento para mais de 400 carros, em terrenos agrícolas arrendados.


A 11 de agosto de 2016 voltaram a ser consumidos pelas chamas, obrigando ao seu encerramento, num incêndio de grandes proporções que destruiu uma dimensão considerável do território florestal de Arouca, mas foram reabertos, de modo parcial, passado cerca de uma semana do incêndio, no dia 19 de agosto de 2016.


Em abril de 2017, foram reabertos totalmente e, para o ano de 2017, foram outra vez nomeados para os World Travel Awards. Com essa reabertura, o Município de Arouca criou um novo parque de estacionamento e contratou mais controladores de entradas.

O percurso estende-se entre as praias fluviais do Areinho e de Espiunca, encontrando-se, entre as duas, a praia do Vau.

Praia do Vau

Uma viagem pela biologia, geologia e arqueologia que fica seguramente na memória de quantas a realizam.

Este maravilhoso gaio comum pulava de pedra em pedra na outra margem do rio.

Pelo caminho há paisagens de cortar a respiração, extraordinárias formações rochosas, vida selvagem ímpar, assombrosas cascatas, idílicas praias fluviais e até mesmo uma ponte suspensa sobre o rio Paiva com 516 metros.

Não é à toa que os Passadiços do Paiva ocupam um lugar cativo na nossa lista dos melhores trilhos e percursos pedestres de Portugal.

Ponte 516

A 3 de maio de 2021 foi inaugurada a vertiginosa Ponte Suspensa 516 Arouca, uma das maiores pontes pedonais suspensas do mundo. A nova ponte dos Passadiços do Paiva liga as margens do Rio Paiva, e foi inspirada nas míticas pontes incas, que atravessam os profundos vales andinos.

Conta com uns impressionantes 516 metros de comprimento e uma elevação de 175 metros, oferecendo vistas de cortar a respiração sobre a Garganta do Paiva e a surpreendente Cascata das Aguieiras, dois dos geossítios mais emblemáticos do Arouca Geopark, e sobre a icónica escadaria dos Passadiços do Paiva.

O preço dos bilhetes da Ponte Suspensa de Arouca para a população em geral é de 12 euros, mas para além de conceder o acesso à ponte permite ainda percorrer a totalidade do percurso dos Passadiços do Paiva sem qualquer custo adicional.

Para ter acesso quer aos passadiços, quer à ponte, é necessária a reserva de bilhete através do site oficial (www.516arouca.pt).

Prémios recebidos

  • World Travel Awards
  • “Melhor Projeto de Desenvolvimento Turístico da Europa” (2016, 2017, 2018, 2019 e 2021)
  • “Melhor Atração de Turismo de Aventura da Europa” (2018, 2019, 2020, 2021, 2022 e 2023)
  • “Melhor Atração de Turismo de Aventura do Mundo” (2018, 2019, 2020, 2021, 2022)
  • “Melhor Atração Turística da Europa” (2022)
  • 1º Prémio Nacional de Arquitetura em Madeira ’17
  • Prémio Geoconservação ’17
  • Medalha de Mérito Turístico ’18
  • Prémio Guarda-Rios ’18
  • World Luxury Awards 2023
  • Best Adventure Experience in Europe
  • Best Trekking Tours in Southern Europe

Percurso

  • Partida: Areinho / Espiunca
  • Distância a Percorrer: 8700m (linear)
  • Duração Média: 2h e 30m
  • Nível de Dificuldade: Alto
  • Desníveis: Acentuados
  • Tipo de Percurso: Pequena Rota
  • Âmbito: Desportivo, Cultural, Ambiental e Paisagístico
  • Época aconselhada: Todo o Ano

Passagem por Geossítios: Garganta do Paiva (G36); Cascata das Aguieiras (G35); Praia Fluvial do Vau (G30); Gola do Salto (G31); Falha de Espiunca (G32)
Gestão e Manutenção: Município de Arouca

Dicas:

  1. A melhor altura para visitar os passadiços é a primavera ou o outono. No verão o calor pode ser uma grande condicionante e no inverno, se estiver a chover não aconselharia, algumas descidas podem tornar-se escorregadias e perigosas, mesmo na madeira.
  2. Vá com tempo. Procure chegar cedo para evitar as horas de maior calor e desfrute da paisagem. Mesmo que não goste de tirar fotos vale pena fazer o percurso com vagar e de forma a apreciar as variantes da paisagem.
  3. Se levar lanche pare na praia do Vau, o entorno é maravilhoso.
  4. Se fizer mesmo questão de atravessar a Ponte 516 tenha atenção na reserva porque caso deixe passar a sua hora terá de esperar pela hora seguinte.
  5. Nós não percorremos. Não sou grande fã de alturas e como o horário de acesso à ponte tem de ser conjugado com a realização do resto do percurso, como não estávamos alojados perto não quisemos arriscar.
  6. Deixámos o nosso carro no Areinho e regressámos de jipe, que partilhámos com outro casal, desde a Espelunca, onde pode optar por jipes ou por táxi. O valor são 20€ por viagem para 4 pessoas, se forem apenas 2 pessoas reduzem para 17€.
  7. Se o dia estiver fresco e for caminhante habitual, a viagem de ida e volta pareceu-me perfeitamente possível. Gostaria de voltar para fazer os passadiços nos dois sentidos.
  8. Leve calçado adequado, um chapéu, água e não se esqueça de levar consigo todo o lixo que fizer.

Areinho

Este enorme lagarto passeava-se pelas pedras junto ao Paiva, na praia fluvial do Areinho, e pregou-me um enorme susto. Mas era um animal magnífico.

2 pensamentos sobre “Passadiços do Paiva

  1. Percorri-os em 2017, altura em que também os referi num post. Gostei bastante, apesar de os termos visitado em Setembro e estar tudo bastante seco.
    Voltaremos nnuma primavera, também para fazer a ponte. Como tem boa protecção, creio que não me fará impressão.
    Temos muita beleza neste nosso pequeno país! Até o lagarto é lindo… e parece realmente enorme. Ou então é o tronco da árvore que é pequeno!
    Obrigada pela partilha!

    Liked by 1 person

    1. Dulce, o lagarto era enorme, nunca tinha visto um tão grande. A árvore tinha um tamanho médio e ficámos relativamente longe para não o assustar e o podermos fotografar. Julgo que se chamam lagartos-do-rio e são vulgares por ali.

      Relativamente à ponte, na altura não fiquei com pena porque o objectivo era mesmo fazer os passadiços, não queríamos condicionar o tempo de que dispúnhamos, porque funciona com hora marcada. Se pudéssemos comprar o bilhete no local teríamos feito porque percebemos que iríamos ter tempo, mas como não funciona assim, já não havia nada a fazer. Parece muito robusta e não dará aquela insegurança das que abanam muito contudo, tem o chão completamente transparente…o que causará algum impacto porque a altura é realmente enorme. Numa próxima talvez tente. Mas quanto a mim, percorrer os passadiços e poder apreciar toda aquela diversidade e beleza, é sem dúvida o mais interessante.
      Obrigada por acompanhar e bom fim de semana! 🌼

      Liked by 1 person

Deixe um comentário