Bath, a cidade das termas romanas

Bath, conhecida como a cidade cor de mel ou a cidade das termas romanas, é seguramente uma das mais charmosas cidades inglesas.

É Património Mundial da UNESCO desde 1987 e foi fundada em 60 d.C., quando os romanos construíram termas e um templo no vale do Rio Avon. O seu primeiro nome foi Aquæ Sulis.

Já referi aqui várias vezes que a Inglaterra superou todas as minhas expetativas e é um lugar a que volto sempre com muito gosto. Para lá das razões pessoais que muito contribuem para isso, está um país fantástico, repleto de locais singulares, cidades monumentais, uma costa surpreendente e um interior rural de grande beleza. Nas nossas idas procuramos sempre conhecer um pouco mais.

Na última vez que lá estivemos fomos a Bath, uma visita há muito em vista mas que ia sendo adiada. Desta vez foi mesmo. Monumental, simpática e acolhedora, deixou-me encantada.

É conhecida por cidade cor-de-mel devido ao tom dourado que prevalece nas suas construções. Esse padrão de cor uniforme confere à cidade uma graciosidade e um charme muito próprios.

A primavera torna-a ainda mais bonita. Fomos contemplados com um belo dia de sol e toda a cidade estava em flor.

Se as termas romanas são um local de visita obrigatória, os elegantes e singulares bairros, como o Circus ou o Royal Crescent, assim como os vários parques verdes da cidade, são encantadores. Por toda a cidade há locais e monumentos bonitos para nos surpreender.

A cidade

A bela Bath está localizada a 156 kms de Londres e conta com uma população de pouco mais de 90 mil pessoas. Construída para prazer e relaxamento é conhecida como um destino de bem-estar desde a época romana.

As suas águas termais ainda hoje são uma grande atração, tanto nos monumentais antigos Banhos Romanos quanto no totalmente moderno Thermae Bath Spa, que abriga as únicas fontes termais naturais da Grã-Bretanha.

Bath é um destino excelente para quem procura um lugar sossegado que alie história, cultura e a possibilidade de relaxar nas suas águas termais.

O centro, compacto e muito fácil de visitar, está repleto de lugares para comer e beber, além de algumas das melhores lojas da Grã-Bretanha, tornando-o o local ideal para passeios e compras. Bath conta igualmente com uma intensa vida cultural, coleções notáveis nos museus e galerias de arte, festivais de teatro, música e muita atividade desportiva ao longo do ano.

O cidade está repleta de impressionantes construções em estilo georgiano, muitas delas feitas pelo arquiteto John Wood e posteriormente pelo seu filho.

A cor de mel predominante na cidade vem de um romance de Jane Austen, uma das mais importantes escritoras do mundo, que viveu na cidade no início do século XIX.

O icónico Royal Crescent e o majestoso Circus são lugares de visita obrigatória.

Há ainda muito para ver além da cidade.

A bela paisagem rural de Somerset e atrações como Stonehenge, Avebury, Castle Combe e Longleat Safari Park são motivos mais do suficientes para não se ficar só por Bath.

As termas romanas

The Roman Bath ou Banhos Romanos é um complexo de termas romanas muito bem preservado e a principal atração da cidade. No passado era usado como um local de banho público na cidade. É um dos maiores balneários religiosos do mundo, com nascentes termais exclusivas e termas que ainda hoje fluem com água quente natural.

O primeiro santuário no local das fontes termais foi construído pelos celtas, e foi dedicado à deusa Sulis, que os romanos identificaram com Minerva.

Construídas por volta de 70 d.C. como um grande complexo balnear e de convívio, as Termas Romanas são um dos vestígios romanos mais bem preservados do mundo, onde 1.170.000 litros de água de nascente fumegante, atingindo 46°C, ainda enchem o local de banho todos os dias.

A água que abastece as termas é proveniente de aquíferos de calcário que estão a uma profundidade de até 4,3 mil metros. Devido a essa profundidade, a energia geotérmica eleva a temperatura da água. Sob pressão, a água aquecida sobe para a superfície ao longo de fissuras e falhas no calcário.

O local de extensas ruínas é hoje um museu interativo repleto de tesouros e fragmentos visuais que nos transportam de volta à época romana e à vida do povo Aquae Sulis.

Existem audioguias em doze idiomas incluindo o português.

Abadia de Bath

A Abadia de São Pedro e São Paulo, mais conhecida como Abadia de Bath é a igreja mais importante da cidade.

Está localizada ao lado dos Roman Baths e foi fundada no século VII. Foi um convento beneditino e passou por diversos projetos de expansão e reforma ao longo dos séculos.

A igreja comporta até 1200 fiéis sentados e possui uma torre de 49 metros de altura.

É imponente e a frontaria é realmente muito bonita.

Parade Gardens

São jardins de com cerca de um hectare de extensão localizados junto à margem do Rio Avon com uma vista espetacular da Ponte Pulteney e do rio Avon.

A entrada nos jardins é paga e durante os meses de verão, são ali realizados concertos no coreto.

São permitidos piqueniques e há um café com mesas ao ar livre.

Ponte Pulteney e rio Avon

A ponte mais importante, da cidade é a Pulteney Bridge, uma ponte em arco que atravessa o Rio Avon, com cerca de 45 metros de extensão e terminada em 1773.

Foi projetada por Robert Adam e é uma das quatro pontes do mundo que possuem lojas e restaurantes em toda sua extensão e de ambos os lados: Ponte de Rialto em Veneza, Ponte Vecchio em Florença e Krämerbrücke na Alemanha. Não sendo, contudo, de uso exclusivo para pedestres.

A presença de algumas barreiras no rio formam uma bonita paisagem mas é a própria ponte, enquanto monumento, que torna o local muito atrativo.

Royal Crescent

O Royal Crescent é uma fileira de 30 casas geminadas dispostas em forma de crescente. Projetado pelo arquiteto John Wood, the Younger, e construído entre 1767 e 1774, está entre os maiores exemplos da arquitetura georgiana encontrados no Reino Unido e é um edifício listado como Grau I.

Embora tenham sido feitas algumas alterações no vários interiores ao longo dos anos, a fachada de pedra georgiana permanece praticamente como era quando foi construída.

O crescente, de 150 m de comprimento, tem 114 colunas jônicas no primeiro andar. Foi o primeiro crescente de casas geminadas a ser construído e um exemplo de ” rus in urbe ” (o campo na cidade) com vista para o belo parque em frente.

Muitas pessoas notáveis ​​viveram ou permaneceram no Royal Crescent desde que foi construído, há mais de 240 anos, e algumas são homenageadas em placas especiais anexadas aos edifícios relevantes.

Das 30 moradias do crescente, 10 ainda são moradias em tamanho real, 18 foram divididos em apartamentos de diversos tamanhos sendo um deles, o número 1, uma casa-museu histórica. Ao centro do crescente está o The Royal Crescent Hotel & Spa.

É um espaço lindíssimo, de onde se podem desfrutar de belas vistas sobre a cidade.

The Circus

The Circus é um anel histórico de grandes edifícios formando um círculo com três entradas. Originalmente chamado de King’s Circus, foi projetado pelo arquiteto John Wood, The Elder. A construção começou em 1754, no entanto Wood morreu menos de três meses após o lançamento da primeira pedra e assim seu filho, John Wood, The Younger, completou o projeto em 1768.

É considerado um exemplo preeminente da arquitetura georgiana . “Circo” significa um anel, oval ou círculo em latim. Está dividido em três segmentos de igual comprimento, com um relvado ao centro. Cada segmento está voltado para uma das três entradas, garantindo que uma fachada clássica seja sempre apresentada de frente.

Quando visto do ar, The Circus, junto com a Queen Square e a adjacente Gay Street, formam uma forma chave, que é um símbolo maçónico semelhante àqueles que adornam muitos dos edifícios de Wood.

Foto aérea: (By Ilya Grigorik – Imported from 500px (archived version) by the Archive Team. (detail page), CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=74181562).

Observando um pouco mais de perto os detalhes da cantaria vemos muitos emblemas, como serpentes, bolotas e símbolos náuticos. Wood era conhecido por admirar os druidas, os criadores da pré-história.

Convencido de que Bath era o principal centro da atividade druida na Grã-Bretanha, Wood estudou Stonehenge e projetou o Circo com o mesmo diâmetro.

Diz-se que The Circus está unido ao Crescente Real por uma linha de lei e que o seu desenho representa o sol e a lua.

Não é nenhuma surpresa que um marco tão extraordinário tenha sido o lar de muitas pessoas famosas ao longo dos anos. O artista Thomas Gainsborough viveu no número 17, entre 1759 e 1774, utilizando a casa como seu estúdio de retratos.

Mais recentemente, o ator de Hollywood Nicholas Cage também morou no The Circus.

Se nos colocarmos bem ao meio do The Circus tanto podemos maravilhar-nos com esta bela e inspiradora peça de arquitetura como tentar encontrar o local exato onde tudo o que dissermos fará eco.

Tal como o Royal Crescent é um lugar realmente singular.

Royal Victoria Park e The Botanical Gardens

Uma das características mais encantadoras do Royal Victoria Park de Bath é o Jardim Botânico. Foi formado em 1887 e dentro de seus nove acres conserva várias árvores monumentais, muitas variedades de arbustos, uma bela borda herbácea, um jardim de pedras e piscina, um passeio perfumado, uma coleção de antigas rosas arbustivas e uma réplica de um templo romano.

No Royal Victoria Park há passadiços, que entram e saem das áreas plantadas, cheios de cor, pássaros, borboletas e outros insetos. Um pequeno riacho borbulha sobre pedras e sob pequenas pontes e há um grande lago cheio de peixes. Existem muitos bancos espalhados ao longo do parque para nos sentarmos e desfrutar da natureza longe da agitação do centro da cidade.

O que ver em Bath:

  • Termas romanas – Roman Baths
  • Abadia
  • Thermae Bath Spa
  • Ponte Pulteney e rio Avon
  • Parade gardens
  • The Circus
  • Royal Crescent
  • Victoria Park
  • Jardim Botânico do Royal Victoria Park
  • Queen Square
  • Jane Austen Centre
  • Guildhall Market
  • Sydney Gardens
  • Henrietta Park
  • Alice Park
  • The Georgian Garden
  • Iford Manor Gardens
  • Prior Park Landscape Garden
  • Dyrham Park
  • Bowood House and Gardens

Fomos de comboio desde Londres até Bath. Há combóis praticamente de hora a hora e a viagem custa cerca de 50£/pessoa.

Todos os monumentos são pagos, a entrada na catedral custa cerca de 8£ e as Termas romanas 30£. Mesmo que não se visite nenhum monumento, se o tempo estiver convidativo, passear pela cidade, só por si, já é um programa muito interessante.

Um pensamento sobre “Bath, a cidade das termas romanas

  1. Que bonita e harmoniosa cidade!

    Talvez a unica “vantagem” de ter os filhos fora do país seja o aproveitar a conhecer novos lugares sempre que os visita. Temos sempre que tentar ver o lado positivo, não é?

    Gostei imenso do passeio e das informações constantes do post. Mesmo que nunca visite Bath, o que é o mais provável, já a visitei ao espreitar esta “varanda com malvas”!😉🌺🌞

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