Dia Mundial do Livro

Hoje celebra-se o Dia Mundial do Livro, esse objeto tão valioso que ganha vida nas nossas nossas mãos. Sendo um veículo indispensável à educação e ao conhecimento, a dois dias de celebrarmos os 50 anos da Revolução de Abril é bom não esquecermos, nem deixarmos esquecer, que se ele é hoje um bem acessível a todos o devemos, sem qualquer dúvida, à liberdade e à democracia conquistadas em 25 de abril de 1974.

Um livro pode ser tantas coisas. Um companheiro, um amigo, uma “arma”, uma distração, um divertimento, uma máquina de fazer pensar. Através dele aprendemos, viajamos, experienciamos emoções de muitos formatos, vivemos outras vidas, estimulamos a memória e a criatividade, desenvolvemos a comunicação e o sentido crítico.

Dos livros que li no último ano, dois de Hanya Yanagihara, Uma pequena vida e ao Paraíso, Dias de Abandono de Elena Ferrante, O Velho que lia Romances de Amor, de Luís Sepúlveda, No país dos outros, de Leila Slimani, Um lugar chamado Liberdade, de Ken Follett, A gorda de Isabela Figueiredo ou A máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe, são apenas alguns dos que destaco e mais me marcaram. São livros que abordam temáticas tão distintas como a terceira idade, o amor, a emigração, a pedofilia, o preconceito ou a exploração de pessoas nas minas de carvão de Inglaterra e todos eles lugares de muita reflexão. Finalmente, o Retorno, de Dulce Maria Cardoso. Uma ficção inspirada na história pessoal da autora, um livro intenso que nos dias em que queremos e devemos afirmar e reafirmar os direitos conquistados no 25 de abril, nos transporta para os tempos da revolução e o que foram as vivências e dificuldades de quem, num processo de descolonização seguramente difícil, talvez o possível mas mais improvisado do que preparado, deixou para trás muita vida, muitas emoções, trabalho e conquistas e encontrou no continente olhares de viés, o preconceito. Ser retornado era um estigma. Este livro ajuda-nos a colocar do outro lado, do lado de quem voltou (ou veio pela primeira vez), mas é também a reafirmação de que o colonialismo não devia ter existido, nada daquilo devia ter acontecido.

Uma leitura obrigatória, sem dúvida, para conhecermos melhor o país de há 50 anos atrás com todos os reflexos que uma descolonização mal feita pode ter ainda nos dias de hoje e no crescimento da extrema direita.

Vivam os livros e o 25 de Abril, que nos abriu as portas do conhecimento!

2 pensamentos sobre “Dia Mundial do Livro

  1. Sem dúvida, eles são alicerces que contribuem para esta construção, seja a de cada um individualmente, seja a da sociedade que todos formamos.

    O 25 de Abril de 1974 abriu imensas portas, sem qualquer dúvida, mas recordo como antes dessa data e na inocência da infância e juventude, a porta da biblioteca de Portimão onde sempre ia buscar livros era uma porta de “liberdade”, apenas porque ali podia escolher o que queria, ou melhor, o que havia. Mas podia escolher e isso era magnífico.

    Apesar de hoje não conseguir ler tanto como gostaria, a liberdade que os livros nos oferecem vale por tudo.

    Entretanto, que seja um belo dia 25 de Abril!

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    1. Dulce, como na minha aldeia não havia biblioteca, a carrinha da Gulbenkian era o meu porto de abrigo e também a minha porta da liberdade (possível). Obrigada e uma bonita festa da liberdade também para si!

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